sexta-feira

Tão só sede


Pediu a Júlia que a deixasse ver o manuscrito. A curiosidade venceu-a. Queria saber mais do homem com quem se cruzara e aquela era a forma ideal. Julia não lhe dissera nada de propósito. Deixara tudo em branco para a amiga descobrir. O sorriso que deixava desenhar-se fazia antever agradáveis surpresas.
Foi uma cópia do manuscrito que guardou na pasta que a acompanhava sempre. Parecia-lhe levar um pedaço da alma do homem que tão mal conhecia. Pareceu que sentia o coração um pouco mais acelerado. Não podia ser. Era só mais um manuscrito qualquer. Estranhara ver as letras desenhadas num tempo em que os computadores dominavam e faziam as letras terem um só dono e uma só mão a dominar os riscos. Num tempo em que as personalidades se esvaíam no sempre igual que os teclados dominam. Não percebera ainda porque não lhe tinham exigido que tivesse uniformizado a letra e a forma de apresentar a obra. Ocorreu-lhe a forma clara como percebeu as palavras que lhe vieram de imediato à memória “ Se Deus em mim te tivesse feito água, seria nem margem, nem escolho, tão só sede!”.

5 comentários:

  1. Olá amiga:)
    Vim ler, vim ler-te um pouco... e deixei-me conduzir por uns momentos pelo sabor agradável da tua bela escrita.
    Beijinhos!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Fantástico .....bela escrita...com tempo comentarei....por agora vou saboreando....um grande abraço

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  4. Olá Rosa Maria!!
    Dei uma passagem por aqui, e como seria de esperar, os teus textos continuam excelentes.
    Parabéns do amigo,
    Quito Arantes

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  5. A sede dói, mas saciá-la é um dos maiores prazeres da vida

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