segunda-feira

Telefonema


A príncipio não lhe reconheceu a voz. Na verdade não contava com ele. Apesar da Júlia ter falado dele há dias não o imaginava do outro lado da linha. Nem o imaginava já ali. Francisco! Há tanto tempo! Que é feito de ti, rapaz?
O tom de surpresa da mãe fez Maria voltar-se. Francisco?! Maria adorava-o. Tratava-o carinhosamente por Tio. Seria o mesmo Francisco de que ela se lembrava, o Tio Francisco. Olhou para a mãe expectante. Sim, acenou-lhe a mãe. Era mesmo ele.
Conversou durante algum tempo ao telefone e Frederico presenciou a alegria e a ansiedade que crescia entre as duas. Pensou em mil coisas e sentiu-se quase a mais. Sentia-se quase invadido quando ainda agora começava a entrar naquele espaço e a achar-se tão bem!
Quando Sofia desligou o telefone, Maria não a largou mais. Quis saber tudo o que Francisco lhe tinha contado. Quase se esqueciam de Frederico e da pizza que entretanto esfriava não fosse o bom senso de Sofia. Não, primeiro jantamos e entretanto pomos Frederico a par do que se passa. Não é justo deixá-lo de fora.
Frederico ainda disse que não valia a pena mas acabou por assentir porque afinal estava até curioso.
E foi assim que durante o jantar Sofia acabou por contar que daí a dois dias, no próximo fim de semana, o Francisco viria visitá-las com um amigo com quem tinha um projecto. Acrescentou que ele parecia muito entusiasmado e algo misterioso.
E não perguntou por mim?
Claro que sim, Maria. Responde-lhe a mãe. Aposto até que te traz uma surpresa daquelas a que já te habituaste.
Contaste-lhe que estás assim, meia deficiente? Ele vai-se rir. Tu que nunca páras, agora agarrada e a depender de duas canadianas e doutras pessoas!
Vá não me chateies, não sejas mázinha.
Olharam uns para os outros e deixaram-se rir.
Frederico saiu só depois de combinar a que horas ia buscar Maria para fazer as compras para o fim de semana. Despediu-se com um caloroso até amanhá.

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